A Santos Brasil, maior operadora brasileira de terminais de contêineres, diz que continuará na liderança da movimentação no porto de Santos (SP) – apesar de ver sua fatia cair sistematicamente desde que aumentou a concorrência no cais santista.

A manifestação foi feita ontem pelo presidente da empresa, Antônio Carlos Sepúlveda, em teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados do quarto trimestre de 2015. A companhia teve prejuízo líquido de R$ 28,2 milhões no período.

Depois de atingir 58% da participação de movimentação de contêineres no porto no segundo trimestre de 2013, o Tecon Santos – principal ativo da companhia – registrou fatia de 34,7% em 2015 ante 37,5% em 2014. Contudo, na comparação entre janeiro de 2015 e o mesmo mês de 2016 – último dado disponível -, a participação aumentou de 33% para 37%, conforme a Codesp, estatal que administra o porto.

O executivo afirmou que Santos tem hoje três terminais capazes de atender os grandes navios. O Tecon Santos, a BTP, e a Embraport. Mais três instalações dedicadas ao nicho atuam no porto (Libra, Ecoporto e Rodrimar). Mas, com o aumento da oferta de espaço, a crise econômica, e navios cada vez maiores, as instalações pequenas perderam relevância.

O Ecoporto, da EcoRodovias, por exemplo, “não tem mais operação portuária, está apenas com armazenagem”, disse Sepúlveda na teleconferência. Procurada, a EcoRodovias não se manifestou. Questionado sobre consolidação de terminais, Sepúlveda disse não acreditar que isso ocorrerá.

Outra dúvida dos analistas foi a extensão do contrato do Tecon Santos com o armador Hamburg Süd, o cliente “âncora” do terminal, e a estratégica para mantê-lo. “Contamos com a Hamburg Süd até 2019, o contrato tem multas, obrigações, direitos. Na nossa visão, o que mantém a Hamburg Süd conosco é justamente o nosso compromisso com eles, nosso serviço premium e custo baixo”.

No acumulado de 2015, o prejuízo da Santos Brasil foi de R$ 18,1 milhões. Para a Deloitte, que auditou o balanço, o prejuízo deveria ter sido maior em R$ 11,5 milhões (ou R$ 7,3 milhões, descontados os efeitos tributários). A companhia possui saldos de ativo imobilizado e intangível em que a vida útil foi determinada conforme o prazo do contrato original – mas a Santos Brasil alongou a vida útil deles a partir de 1º de outubro de 2015, por ocasião do aditivo que estendeu o contrato até 2047, mediante investimento de R$ 1,27 bilhão.

No entendimento da auditoria, “existe uma condição resolutiva” no aditivo que somente ocasionaria efeitos contábeis após a realização dos investimentos que o justificaram – mas eles ainda não foram feitos. A companhia disse que fez a alteração lastreada em pareceres jurídicos e contábeis de especialistas.

FONTE: Comissão Portos