A dragagem do Porto de Santos pautou algumas reuniões ministeriais nos últimos dias, em Brasília. O assunto foi levado ao Distrito Federal por empresários do setor, que, preocupados com a redução do calado no complexo marítimo e suas consequências, procuraram os parlamentares da região e começaram os diálogos com representantes do Governo Federal, buscando resolver a questão da profundidade.

Na última terça-feira (24), o grupo de executivos esteve com o primeiro secretário da Câmara Federal, o deputado federal Beto Mansur (PRB-SP). “A gente está com um problema e o assoreamento (a deposição natural de sedimentos no canal, trazidos pelas correntezas) não espera. Já tem navios maiores chegando. Os empresários fizeram grandes investimentos e estão preocupados”, afirmou.

Mansur conta que o objetivo da comitiva é formular uma proposta para dragagem, não só para Santos, mas para o Brasil, e analisar de que maneira isso pode ser feito.

A questão foi levada ao ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella (PR). Mansur esteve reunido com ele ontem, para pedir uma solução. “Eu ponderei essa situação com o ministro, que se inteirou do problema e chamou sua assessoria”, disse.

O deputado João Paulo Tavares Papa (PSDB) também recebeu os empresários e os acompanhou em uma reunião com o secretário do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), Moreira Franco. “Eles querem discutir uma agenda ampla, mas foi apenas uma primeira reunião”, afirmou Papa. Segundo ele, ficou acordado que os executivos devem mandar, em breve, uma proposta e sugestões para melhorar o setor.

Mais força

Também na terça-feira (24), o deputado federal Marcelo Squassoni (PRB) foi escolhido para ser um dos vice-líderes do Governo na Câmara dos Deputados. Na nova posição, ele garante que vai ajudar na questão portuária. “Temos poucos dias desta nova gestão, mas a falta de um secretário atrasa todos os trabalhos. Vou cobrar o Governo para nomear o secretário de Portos. Vou pedir prioridade”.

Com a redução ministerial, que levou a Secretaria de Portos (SEP) a ser incorporada ao novo Ministério dos Transportes, o setor ficou sem comando e vários projetos estão atrasados. Um deles é o início de um novo contrato de dragagem. A empresa vencedora da licitação, a EEL, aguarda a assinatura da ordem de serviço para iniciar seus trabalhos.

Enquanto as atividades da EEL não têm início, a saída é contar com contratos firmados pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Mas um deles, o que cuida da dragagem de manutenção no canal de navegação e nas bacias de evolução nos trechos 2, 3 e 4 do estuário (entre a Ponta da Praia e a Alemoa), foi encerrado e o serviço, interrompido. A solução proposta pela Codesp é incluir o serviço no contrato de dragagem do Trecho 1, que vai da Ponta da Praia até a Barra de Santos. A ideia será apresentada ao Conselho de Administração (Consad) da empresa.

A falta de manutenção na profundidade nos trechos 2, 3 e 4 fez com que, na área onde está instalada a empresa Brasil Terminal Portuário (BTP), os navios tivessem reduzido o limite máximo de seu calado (a altura da parte do casco que fica submersa, que varia conforme o carregamento da embarcação). Com isso, os cargueiros são obrigados a navegar por esta região com menos mercadorias, o que torna a operação mais cara para importadores e exportadores.

Fonte: A Tribuna On line/EGLE CISTERNA